3.6.11

Leitores pelo Mundo: A Rússia de Marcos e Edna



Olá Viajantes!

O nosso "Leitores pelo Mundo" vem com a participação do casal Marcos Savall e Edna Santiago em sua recente experiência pela Rússia.

Nos últimos anos, a valorização do Real frente às principais moedas estrangeiras levou os turistas brasileiros - já devidamente apresentados aos clássicos destinos de viagem da Europa - a alçarem voos mais longos, em busca de locais menos visitados porém cheios de atrativos. Com esse fenômeno, saiu ganhando a ex-República Soviética, antiga superpotência mundial do Século XX e detentora de cidades de reconhecida beleza, como Moscou e São Petersburgo. Somado a tudo isso, tivemos em 2010 a isenção da necessidade de visto de turistas brasileiros, o que certamente confirmará a tendência de aumento do fluxo de viajantes amadores para aquele país.

A série de três posts contará um pouco da boas (e más) experiências de Marcos e Edna, num relato rico de detalhes, comentários e opiniões que certamente trarão as melhores dicas para quem quiser programar sua viagem a esse belíssimo - e ao mesmo tempo complicado - enorme país. Fiquemos com eles então!

PRIMEIROS CONTATOS

Russia é Russia. A velha pátria-mãe. Meio caminho entre a Europa e a Ásia. A chegada ao território russo já é, por si só, uma aventura. Eles saíram do comunismo, mas definitivamente o comunismo não saiu deles. A burocracia ainda impera nessas bandas. A senhora encarregada de analisar o passaporte olha, vira, olha para você e resmunga alguma coisa em russo. Claro que nem ela, nem ninguém ali na alfândega, sabem ou querem falar inglês. Sorriso também é artigo de luxo: definitivamente eles não são amistosos. Essas duas coisas marcaram minha impressão geral da Rússia: ninguém tem o interesse em ser simpático e pouquíssimas pessoas entendem outra língua, que não o russo. Todos os atendentes ao longo de minha estada pareceram ter saído diretamente dos porões da KGB. Os mais novos, que já viveram sob a Perestroika, parecem mais confortáveis com os inúmeros turistas que atualmente aportam na Russia. Os mais velhos, não, não querem saber e tem raiva de quem sabe...


DINHEIRO 

Os russos só aceitam rublos. Agora em maio de 2011, 1 euro valia aproximadamente 40 rublos. Pode-se até encontrar lugares que aceitam euros (geralmente lojas de souvenirs), mas não é o normal. Melhor é sempre ter à mão os rublos. Nas cidades, encontram-se diversas casas de câmbio, o que não será um problema para o turista.

Quanto ao cartão de crédito, a sugestão geral – inclusive do hotel e de guias locais - é não usá-lo em qualquer estabelecimento, e quando for usar não deixar sair da linha de visão. Também é um problema quando se quer pagar parte da conta em dinheiro e outra em cartão de crédito. Todas as vezes que tentei, deu problema, talvez por conta do sistema de fechamento de contas deles.


Até o que parece mais simples pode ficar complicado.

LÍNGUA 

As pessoas não falam inglês. Muitas vezes, nem o básico do básico, como “water”. Além de não falarem inglês, tudo é escrito em alfabeto cirílico, o que dificulta ainda mais a compreensão mútua. Pra piorar, a maioria dos restaurantes não tem o cardápio em inglês. O jeito é usar as imagens e a velha linguagem de sinais. Dará errado na maioria das vezes, mas ao menos você não morrerá de fome ou de vontade de ir ao banheiro. Os mais jovens ainda podem esboçar alguma palavra na língua dos capitalistas, mas os mais velhos torcerão o nariz. Nas lojas de souvenirs, enrola-se um inglês e, se você der sorte, até mesmo um espanhol.


COMIDA

Você não terá maiores dificuldades para comer. Encontra-se comida de todo tipo e de todos os valores. Quando você ler algo parecido a “PECTOPA” em cirílico, quer dizer restaurante. O preço da comida não é tão caro como dizem. Quando marquei minha viagem, fiquei preocupado com os relatos que li na net. O fato é que na Russia há mundos exclusivos destinados aos novos ricos, esses extremamente caros, mas que não são freqüentados por turistas e nem sabemos onde ficam. A impressão geral é de que os preços são parecidos ao do Brasil, sendo que a bebida (exceto vinhos e champanhes) é mais barata que aqui. A média de minhas refeições, quando comi em restaurantes, foi entre 15/20 euros por pessoa, incluindo ai entrada e prato principal, além de bebida (pelo menos 1 vodka ou 1 cerveja “Baltika”).

Vale a pena a franquia de comida oriental Eurasia (escreve-se Евразия). Comi algumas vezes em praça de alimentação de shopping e os preços eram ainda mais baratos (média 10 euros). A promoção Burger King do Whopper saiu a 234 rublos (6 euros).


JANTAR DE LUXO 

o lugar mais caro que escolhi ir foi em São Petersburgo, no Restaurante Davidof, que fica no hotel Astória. Queria experimentar, com estilo, o Strogonoff, que é um prato russo.  Saiu por 790 rublos (20 euros), regado a vodkas locais (140 rublos - 3,5 euros) e típica sobremesa de strudel de frutas vermelhas (300 rublos - 8 euros). Conta total do luxo, 70 euros o casal, em restaurante classe A. Enfim, paga-se mais pelo luxo que se pretende, assim como no Brasil.


COSTUMES

Vamos lesar o gringo? Nisso me lembrou o Brasil, só que lá, nós é que somos os gringos. Invariavelmente as contas vinham com algo a mais, tudo devidamente escrito em cirílico, o que dificulta em muito sua compreensão e possível reclamação. Sendo pouco, é relaxar e pagar.

Taxi também dará uma voltinha básica ou cobrará um valor fixo muito superior ao que seria devido. Acerte o preço antes. Cuidado ao pedir taxi em hotel ou restaurante, por que virá um exclusivo do local que é bem mais caro que o serviço regular de rua.

Não confie em tratos verbais, nem tente realizar compras pela internet. Eu fiz a compra de dois tickets de um balé no site do teatro Mariiski, o mais famoso e maior de são Petersburgo, e quando cheguei lá não existia ingresso por que não foi confirmado (?!?). A máfia dos tickets é grande. Voltei para o concierge do hotel para comprar para o dia seguinte. Por determinação do hotel, o pagamento só poderia se dar mediante assinatura numa comanda para debitar em minha conta para pagar no check out. Acertado tudo, o preço cobrado saiu duas vezes o da minha reserva na net. Voltei na hora marcada para buscar os ingressos e ir ao balé, e qual não foi minha surpresa quando o hotel (?!) disse que o preço havia aumentado e que agora seria o dobro do acertado com o concierge, ou seja, o quádruplo do preço correto. Moral da história: mandei todo mundo pra merda e não fui ver balé nenhum.

Por essa e outras, recomenda-se ir de pacote para a Rússia e pagar um pouco a mais no tour pelos passeios opcionais, do que ir por conta própria. Até eu que gosto do velho estilo de viajar sem ninguém determinando minhas horas, concordo com a sugestão. Para várias atrações só se pode ir com guia local e em horas PRÉ-DETERMINADAS. Além disso, é interessante poder ouvir os relatos pessoais dos guias, que apesar de muitas vezes relutarem em falar sobre a era soviética, foram todos testemunhas oculares da história.


Posts da série "A Rússia de Marcos e Edna":

Leitores pelo Mundo: A Rússia de Marcos e Edna
Leitores pelo Mundo: A Rússia de Marcos e Edna - São Petersburgo
Leitores pelo Mundo: A Rússia de Marcos e Edna - Moscou


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