4.2.10

Leitores Pelo Mundo: Marrocos (Parte 1)

Mesquita Hassan II, Casablanca. Foto: Cesar Tavares


É com muita satisfação e honra que recebemos, hoje, a valiosa participação no "Leitores pelo Mundo", de Cesar Tavares. Ele vai nos contar, em três partes, suas experiências vividas em viagem de três semanas ao Marrocos no ano de 2006.

Vamos começar? A partir daqui, texto e foto são dele. Fico na torcida de que outros leitores também se inspirem e compartilhem conosco suas experiências...

 



COMO CHEGAR AO MARROCOS

Já houve ligação direta do Brasil com o Marrocos. O voo partia do Rio de Janeiro, no tempo em que a capital carioca era o portão de entrada do país. A despeito dos seus diversos apelidos pejorativos (ligados à fama do país em cirurgias de mudança de sexo ou ao trânsito nao autorizado de substâncias entorpecentes), esse voo era uma mão na roda. Quem viveu, diz que tambem era uma maneira baratissima de chegar à Europa. De toda forma, hoje em dia, a partir das principais cidades européias, é possível chegar a algum destino marroquino. Uma dica é conjugar a viagem ao país com uns dias em algum outro da Europa. Antes de comprar o trecho completo, verifique junto a companhias de baixo custo os bilhetes pro Marrocos. Pode ser mais barato comprar sua passagem unicamente pra algum destino europeu e, de lá, fazer o trecho pro país por uma dessas companhias.

QUANTO TEMPO FICAR?

Isso realmente vai depender de quais partes do país você deseja visitar. A costa mediterrânea, a atlântica, o interior de planaltos, a região das montanhas nevadas, o deserto mais ao sul, são alguns exemplos de regiões que possuem características que as distinguem das demais. O país não é imenso, mas é bem maior do que possa aparentar, justamente devido a essa variedade de cenários. Um problema a superar pode ser o transporte público deficiente. Não é tarefa fácil locomover-se pelo Marrocos. Isso pode ser resolvido com um aluguel de carro, que, eu diria, é altamente recomendável. Embora os custos não sejam nada agradáveis, como tudo mais no país custa muito pouco, acaba nem machucando tanto o bolso. As estradas, via de regra, são muito boas, excelentes até, se comparadas às nossas. Os cenários equivalem a um road-movie e a paisagem pode mudar radicalmente a cada hora na estrada.

O QUE MAIS SE DEVE SABER SOBRE O PAÍS?

Come-se muito bem no Marrocos. Impossível voltar sem provar o "couscous", o "tajine" e a "pastilla". O contraste entre a nossa forma e a deles de preparar alguns alimentos pode ser uma surpresa bastante agradável, que o digam as cebolas e os tomates caramelizados, servidos no café da manhã em alguns locais. O chá de menta é universal. Você será recebido no hotel, nas lojas e nas casas com ele. É tão doce, quanto é bom, além de ajudar a aliviar um pouco o calor seco de muitas regiões.

Os temperos e condimentos também são variados. Basta olhar o setor correspondente em qualquer mercado. De uma certa forma, alguns gostos remetem ao nordeste do Brasil (uso intenso de coentro e cominho por exemplo). A ponte culinária entre o lado árabe e nosotros aqui se deu, de acordo com quem entende, via península ibérica, ocupada por séculos a fio pelos mouros.

As cidades são seguras e limpas. O povo é cordial, amistoso e curioso. Dizer que é do Brasil abre diversas portas; nosso futebol é amado lá. Mais pro sul, o povo Berbere é mais "na sua", mas é uma questão de tempo até mostrarem que têm o coração bem grande. Uma coisa que impressiona é a cobertura de celular. Acho que somente em UM ponto do país ocorreu de não ter sinal. Imagine aquela estrada numa paisagem ampla e sem fim, a uma ou duas horas de qualuqer lugar. Ali tem sinal de celular. Dizem que a infraestrutura resulta de política governamental devido às disputas territoriais com os países vizinhos.


CIDADES E LOCAIS PARA VISITAR

CASABLANCA (visitável em um único dia)


Mesquita Hassan II, Galeria Central. Foto: Cesar Tavares.

Entrar no Marrocos por Casablanca (Dar-el-Beida para os árabes) foi um pouco decepcionante. As expectativas são inevitáveis devido à imagem formada pelo filme e a mitologia que se criou em torno da cidade. Na verdade, o viajante se depara com uma metrópole árabe típica, com seus problemas e um certo ar de decadência.

 Mesquita Hassan II, Detalhe da decoração. Foto: Cesar Tavares.

De interessante, há a mesquita Hassan II. Gigantesca e ricamente decorada, é aberta à visitação pública. A galeria central impressiona pelas dimensões e riqueza de detalhes. No subsolo, também é possível visitar o Hamman, onde os fiéis devem fazer suas abluções antes de ingressar no recinto sagrado.

Mesquita Hassan II, Hamman. Foto: Cesar Tavares.


RABAT (um dia, ou um dia e meio, para não ficar tão corrido)

Rabat: bandeiras junto à muralha que circula a Medina. Foto: Cesar Tavares.

Capital política do país, Rabat tem um charme que, à primeira vista, não é evidente. Lá se encontra o Mausoléu de Mohammed V e as ruínas da mesquita Hassan II que valem uma visita. O mais interessante, porém, é entrar na medina e se perder lá por dentro.

Rabat: vista de um dos acesso à Medina.

A medina, que é a parte mais antiga da cidade, cercada por muralhas, você vai encontrar todo tipo de comércio. Dispense os guias que vão oferecer seus serviços. A maioria quer mesmo é explorar você.

Detalhe de porta, Medina. Foto: Cesar Tavares.

Aproveite que a medina é relativamente fácil de navegar e deixe pra contratar um guia (oficial) em locais mais complexos, como a medina em Fez.

Rabat. Vista do alto da medina. Ao fundo, o cemitério e o Mausoléu Mohammed V. Foto: Cesar Tavares.
 
Porta na Medina. Os adornos tradicionalmente servem para indicar o ofício de quem reside ali. Foto: Cesar Tavares.


CHEFCHAOUEN (de um a dois dias)

Imagem típica da parte antiga de Chefchaouen: um labirinto tingido de azul. Foto: Cesar Tavares.

< Chefchaouen é uma cidadezinha perdida no meio das montanhas mais ao norte do país. Já viu alguma foto de ruas e becos em que tudo é pintado de um azul marcante? Provavelmente a foto foi tirada lá.


Chefchaouen. A massa de pão é feita em cada casa e levada aos fornos comunitários para ser assada. Foto: Cesar Tavares.

A cidade é uma espécie de Olinda marroquina. Ruas estreitas, muita gente descolada, muitos artistas e artesãos, além do azul onipresente que a distigue.

Chefchaouen. Mais e mais azul. Foto: Cesar Tavares.

 
 Fonte d'água, Chefchaouen. Foto: Cesar Tavares.


Fim da primeira parte.

Até a segunda!


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