26.9.11

Preparando a sua viagem: Moeda em espécie, cartões de crédito, de débito e Visa Travel Money - Como funciona? Quem já usou?


Viajar para o exterior traz sempre uma dúvida: qual a melhor forma de pagar meus gastos no país de destino? Quando se começa a pensar e pesquisar sobre o assunto, surgem ainda mais dúvidas: "levar em espécie?", "Deixar pra usar Cartão de Crédito?", "E o IOF?", "Qual a melhor casa de câmbio?", "Qual a operação mais vantajosa?" e assim por diante.

E justo para evitar que essas incertezas se prolonguem muito - e isso estrague a sua viagem - meu primeiro conselho é: não perca muito tempo se torturando com essas decisões. Tenha em mente uma coisa: TODAS essas operações SEMPRE gerarão um gasto (uma perda financeira) e isso você tem que botar na sua planilha de custos de viagem. Não há como se lucrar com isso, a não ser que você seja um corretor de câmbio ou dono de uma Casa de Câmbio.

Se você está de passagem marcada para Buenos Aires, recomendo que você leia o post sobre o experimento monetário que o Viajante Amador realizou ano passado e chegou a algumas conclusões sobre como minimizar gastos de câmbio. Mas atenção: o que lá está escrito só serve para Buenos Aires.

Já para o viajante com destino escolhido para os outros países do mundo, as opções não são muitas: 1) comprar aqui no Brasil a moeda em espécie do país de destino; 2) comprar Dólares Americanos ou Euros e levar para fazer câmbio nos locais de destino; 3) usar cartões de crédito ou débito nos locais de destino.


COMPRA DE MOEDA EM ESPÉCIE NO BRASIL

Comprar moeda estrangeira em espécie, no Brasil, não é tarefa fácil, nem barata. Diferentemente de países como o Uruguai (em que se troca de moeda em qualquer casa de câmbio sem a menor burocracia), nossa legislação restringe bastante as operações de câmbio e tudo tende a ser muito controlado e burocratizado. Assim, com o passar dos anos, perdemos a prática de lidar e trabalhar com  naturalidade moedas estrangeiras aqui no país e isso faz com que ela se torne escassa e cara.

Com exceção do Dólar Americano, do Euro e da Libra, é incomum se encontrar no Brasil casas de câmbio que operem com outras moedas. O Peso Argentino vem sendo ofertado com mais abundância nos últimos anos, mas ainda assim não tem disponibilidade imediata e irrestrita nos estabelecimentos.

Desse modo, se você vai viajar para algum país cuja moeda esteja disponível em casas de câmbio aqui, fique atento apenas para as taxas que você pagará pela transação, assim como a diferença entre o valor "oficial" da moeda e o preço ofertado para você comprá-la (para aprender como consultar o valor "oficial", clique nesse post que eu escrevi). Às vezes, essa distância é tanta que realmente não compensa comprar muita moeda em espécie. Apenas o básico.

Se o país a ser visitado for daqueles com moeda não disponível em casa de câmbio ou que seja uma raridade (como, por exemplo, a Lempira de Honduras), o segredo é comprar Dólares Americanos e levar pra trocar por Lempiras lá.


USO DE CARTÕES DE CRÉDITO

Na minha modesta opinião, acredito que essa seja uma opção bastante prática. Basta você entrar em contato com a administradora do seu cartão (muitas vezes é o banco em que você possui conta) e saber se ele está habilitado para uso no exterior. Se não estiver, solicite a liberação. Aproveite para perguntar se há taxas para utilização ou saques no estrangeiro e quais são elas.

Ao efetuar uma compra no país visitado na função CRÉDITO, o valor da operação é transformado na hora para dólares americanos e inserido na sua fatura. É cobrado o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a compra, de 6,38%. Na data de fechamento da sua fatura, o valor em Dólares é convertido para Reais com a cotação daquele dia. Em alguns cartões, a data do vencimento será o momento da finalização da compra e, portanto, se a cotação variar entre fechamento e vencimento , haverá ajuste para a fatura do mês seguinte, para mais ou para menos. Em outro cartões, a finalização se dá na data do PAGAMENTO da fatura (independentemente do vencimento), havendo os mesmos tipos de ajustes, para mais ou para menos, na fatura seguinte.

Vantagem no uso do cartão de crédito: maior segurança. Não se precisa ficar carregando um monte de cédulas. Em caso de furto, perda ou roubo do cartão, basta ligar pra administradora (leve o número para o qual se deve ligar estando no exterior) e comunicar o ocorrido. Sendo caso de perda, vale a pena tentar uma restrição temporária de limite. Além dessa vantagem, é importante lembrar que as compras nos cartões podem gerar pontos em programas de fidelidade e isso poderá ser revertido a seu favor no futuro.

Desvantagem: às vezes, entre a compra, o fechamento da fatura e o vencimento/pagamento, passam-se muitos dias. E, como sabemos, no Brasil, em 15 dias o valor do Dólar pode variar bastante. Nesse caso, recomendo que você só use o cartão no exterior até 7 dias antes da data do fechamento da fatura. Essa informação você pode obter junto à administradora do seu cartão. O IOF mais alto (6,38%) também pode tornar essa opção menos atraente, muito embora a taxa de câmbio utilizada pelas administradoras de cartão seja normalmente mais baixa que a do Dólar Turismo (usada nos cartões de débito pré-pagos).

E nem pense em usar o cartão de crédito (não vinculado à sua conta no banco) para sacar dinheiro no exterior. É a pior coisa que você pode fazer, pois se sujeitará a taxas altíssimas.


USO DE CARTÕES DE DÉBITO

 Via de regra, os cartões de banco com função crédito também podem ser utilizados no exterior para compras na função "débito" e para saques em caixa eletrônico. Muito embora o IOF nessas operações seja o de 0,38%, é bem comum os bancos cobrarem taxas fixas ou percentangens incidentes sobre cada operação. Vale a pena consultá-los sobre isso.

Mas pra quem não quer complicações com o banco e administradora do cartão, uma boa pedida é adquirir um cartão de débito internacional pré-pago. A Visa oferece esse serviço através do Visa Travel Money (ou VTM, para os íntimos).

Esses cartões são "vendidos" nas seguintes instituições:
  • Banco Bradesco (4004 7797 - Dólar Americano)
  • Banco Cruzeiro do Sul (Dólar Americano, Dólar Australiano, Dólar Canadense, Dólar Neozelandês, Euro, Franco suíço, Libra Esterlina, Iene, Peso Argentino, Peso Chileno e Peso Boliviano)
  • Banco do Brasil (4004 0001 - Dólar Americano e Euro)
  • Banco Rendimento (4003-7666 - Dólar Americano, Euro e Libra Esterlina)
  • Banco Schahin (0800 703 1996 - Dólar Americano, Euro e Libra Esterlina)
  • CBSS (4003 9220 ou 0800 880 9220 - Dólar Americano)
  • Confidence (3614 1100 - Dólar Americano, Euro, Libra Esterlina, Peso Argentino e Rand)
E como ele funcionam? Você compra o cartão (na Confidence, ele custa quinze reais), cadastra uma senha,  compra uma quantia em moeda estrangeiras na instituição (geralmente a uma cotação um pouco menor que a cobrada pela moeda em espécie) e ela é carregada no seu cartão VTM. Você vai usando o cartão ao longo da viagem pela rede do Visa Eléctron ou Visa Plus (para os saques, normalmente acompanhados de uma pequena taxa). Só isso. Os saldos podem ser consultados pela internet. Se houver necessidade, você poderá pedir a um parente seu para comparecer à mesma instituição da compra do certão para fazer uma recarga de mais "dinheiros".

Uma coisa muito legal do sistema é que, muito embora eu escolha uma única moeda para a compra dos "créditos", eu posso usá-lo em outros países do mundo com moedas diferentes. Na hora da compra, porém, haverá uma operação eletrônica automática de câmbio, com uma discreta perda, mas creio que a comodidade do serviço compense. Exemplo: compro um VTM de Euros. Saio da França para a Inglaterra. Lá, toda compra gerará uma conversão de Libras para o correspondente em Euros que serão abatidos dos créditos iniciais. O segredo, aqui, é você escolher a moeda que mais utilizará durante a viagem. Assim, as perdas são minimizadas.

As vantagens desse sistema são a segurança (o uso requer senha), a substituição rápida (há promessa de reposição rápida do cartão em caso de perda, furto ou roubo), a certeza das tarifas e cotações (que são pagas antecipadamente) e o IOF de 0,38% (pois se considera operação financeira realizada no Brasil). Confesso que não pesquisei se há como ganhar milhas ou pontos nessas compras. A desvantagem é a diferença cobrada pelas instituições entre o câmbio oficial e o preço da moeda estrangeira oferecida por eles. Nesse caso, uma consulta a todas as instituições para saber as taxas e as cotações do dia pode ser uma medida bastante útil para diminuir gastos.

E você, qual a estratégia adotada antes da sua viagem? Compartilhe a informação conosco.

Abraço!


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