Em fevereiro deste ano, nosso querido colaborador Cesar Tavares nos relatou a
primeira parte de sua experiência de três semanas de turismo pelo
Marrocos. Além de informações gerais sobre o país (quanto tempo ficar, como chegar e quais cidades visitar), exploramos as cidades de Casablanca, Rabat e Chefchaouen. O post foi um sucesso, não apenas pela narrativa "light", mas também pelas fotos, verdadeiras obras de arte.
Semana retrasada, eu o lembrei de fazer o segundo capítulo da série e ele me disse que faria melhor: me mandaria uma segunda e uma terceira parte de relatos, pois ainda tinha muito o que falar e mostrar.
O resultado vocês conferem a partir de agora. As fotos, mais uma vez, estão um de fazer cair o queixo.
De Chefchouen a Fez
Partindo de Chefchaouen, indo em direção ao sul, a caminho de Fez, é possível passar pelas ruínas da cidade romana (e antes disso, fenícia) de
Volubilis, junto à cidade de
Moulay Idriss, esta, por sua vez, local de peregrinação por ser a sede do mausoléu de governante do mesmo nome, do século VIII.
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Ruínas romanas de Volubilis. |
FEZ
É difícil descrever Fez. A medina, ainda envolta nas muralhas, é imensa. Lá dentro existe uma cidade dentro da cidade. Uma cidade medieval, diga-se, imensa e aparentemente caótica. É complicado se aventurar pela medina sem um guia, pelo menos nos primeiros dias. As ruas são muito estreitas e faltam referências visuais, além do que não seguem o padrão de grade a que estamos mais acostumados. Em outras palavras, tem todos os elementos de um labirinto em linhas curvas.
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Medina a partir do hotel. |
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Vista parcial da medina. |
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Interior da medina. |
Lá dentro a vida segue, alheia a tudo. Pelas vielas, residências, lojas, escolas, mercados, hammans, tudo misturado a montes e gente indo pra todos os lados, além dos animais de carga (obviamente não existem veículos motorizados lá dentro). A universidade mais antiga em funcionamento no mundo também está lá, a
Al-Karaouine, com uma
madrassa anexa, que pode ser visitada. Outro local interesssante é um "caravansérail", um local de pouso dos viajantes, peregrinos e comerciantes de antigamente, preservado.
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Caravançal. |
Num trecho da medina também é possível acompanhar o trabalho dos curtumes.
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Beneficiamento e tingimento de couro. |
Por toda parte há lojinhas que vendem os mais diversos artigos. Atenção às lojas de temperos, às de tecidos e de tapetes. Negociar o preço é fundamental. Aqui, aceitar o preço inicial pode deixar o comerciante algo entre confuso ou ofendido. É preceito buscar um preço ideal, justo, que não seja oneroso demais a quem compra (levando em conta sua condição social) nem a quem vende. Dessa forma, um mesmo bem pode chegar a preços variados, dependendo de quem o compra.
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Loja na medina de Fez. |
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Hora das compras. |
Fez é, antes de tudo, uma cidade pra ser sentida. Reza o bom senso, contratar um guia oficial - os hotéis podem indicar um pra você. Uma boa idéia seria sair nos dois primeiros dias com o guia e ver se consegue se aventurar sozinho daí em diante.
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Ruelas da medina sem a companhia de um guia: aventura para poucos. |
Rumo ao Deserto.
De Fez, indo mais e mais pro sul, em direção à nação Berbere, cruzam-se paisagens de sonho. Vales e escarpas moldados pelo vento e pelas chuvas tão brutais quanto raras da região dão o tom da viagem. Não se tem nem tempo de saturar com a secura. No meio do caminho, vindo do nada, abre-se um enorme oasis. Parada obrigatória é descer lá e se embrenhar na ilha verde , num lugar onde os poucos peixes existentes são considerados sagrados pelos moradores locais.
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Ruínas ao longo da estrada. |
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A paisagem pode mudar radicalmente a cada 2h de estrada. |
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Vila típica da região. |
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De repente, o oásis. |
O Deserto
Hassilabied e
Merzouga são os pontos de partida para as excursões deserto adentro. No meu caso, foram três noites, uma numa tenda fornecida pelos organizadores do passeio e duas outras em tendas de famílias berberes em meio às dunas ao longo da rota.
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Acabam os vales rochosos e começam as dunas. |
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Transporte e companhia nos fins das tardes modorrentas, no meio do nada. |
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Vista de um dos locais de pernoite. Tenda de família berbere. |
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Varal e animais de estimação. |
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Também é possível contratar percursos de 4x4 e cobrir tudo em poucas horas. |
Vale a pena visitar as vilas no entorno. É interessante ver os métodos de construção locais, em que se faz uso intensivo do adobe, o que é prático a maior parte do tempo, mas um desastre no ano em que as chuvas chegam pra valer. Também é possível encontrar artesanato interessante ou se deparar com atrações como esses cantores do Mali que fazem uma apresentação inesquecível.