13.9.10

Leitores pelo Mundo: Marrocos (Parte 2) - de Chefchaouen a Fez



Em fevereiro deste ano, nosso querido colaborador Cesar Tavares nos relatou a primeira parte de sua experiência de três semanas de turismo pelo Marrocos. Além de informações gerais sobre o país (quanto tempo ficar, como chegar e quais cidades visitar), exploramos as cidades de Casablanca, Rabat e Chefchaouen. O post foi um sucesso, não apenas pela narrativa "light", mas também pelas fotos, verdadeiras obras de arte.

Semana retrasada, eu o lembrei de fazer o segundo capítulo da série e ele me disse que faria melhor: me mandaria uma segunda e uma terceira parte de relatos, pois ainda tinha muito o que falar e mostrar.

O resultado vocês conferem a partir de agora. As fotos, mais uma vez, estão um de fazer cair o queixo.


De Chefchouen a Fez

Partindo de Chefchaouen, indo em direção ao sul, a caminho de Fez, é possível passar pelas ruínas da cidade romana (e antes disso, fenícia) de Volubilis, junto à cidade de Moulay Idriss, esta, por sua vez, local de peregrinação por ser a sede do mausoléu de governante do mesmo nome, do século VIII.

Ruínas romanas de Volubilis.

FEZ

É difícil descrever Fez. A medina, ainda envolta nas muralhas, é imensa. Lá dentro existe uma cidade dentro da cidade. Uma cidade medieval, diga-se, imensa e aparentemente caótica. É complicado se aventurar pela medina sem um guia, pelo menos nos primeiros dias. As ruas são muito estreitas e faltam referências visuais, além do que não seguem o padrão de grade a que estamos mais acostumados. Em outras palavras, tem todos os elementos de um labirinto em linhas curvas.

Medina a partir do hotel.
Vista parcial da medina.
Interior da medina.
Lá dentro a vida segue, alheia a tudo. Pelas vielas, residências, lojas, escolas, mercados, hammans, tudo misturado a montes e gente indo pra todos os lados, além dos animais de carga (obviamente não existem veículos motorizados lá dentro). A universidade mais antiga em funcionamento no mundo também está lá, a Al-Karaouine, com uma madrassa anexa, que pode ser visitada. Outro local interesssante é um "caravansérail", um local de pouso dos viajantes, peregrinos e comerciantes de antigamente, preservado.

Caravançal.
Num trecho da medina também é possível acompanhar o trabalho dos curtumes.

Beneficiamento e tingimento de couro.
Por toda parte há lojinhas que vendem os mais diversos artigos. Atenção às lojas de temperos, às de tecidos e de tapetes. Negociar o preço é fundamental. Aqui, aceitar o preço inicial pode deixar o comerciante algo entre confuso ou ofendido. É preceito buscar um preço ideal, justo, que não seja oneroso demais a quem compra (levando em conta sua condição social) nem a quem vende. Dessa forma, um mesmo bem pode chegar a preços variados, dependendo de quem o compra.

Loja na medina de Fez.

Hora das compras.
Fez é, antes de tudo, uma cidade pra ser sentida. Reza o bom senso, contratar um guia oficial - os hotéis podem indicar um pra você. Uma boa idéia seria sair nos dois primeiros dias com o guia e ver se consegue se aventurar sozinho daí em diante.

Ruelas da medina sem a companhia de um guia: aventura para poucos.

Rumo ao Deserto.

De Fez, indo mais e mais pro sul, em direção à nação Berbere, cruzam-se paisagens de sonho. Vales e escarpas moldados pelo vento e pelas chuvas tão brutais quanto raras da região dão o tom da viagem. Não se tem nem tempo de saturar com a secura. No meio do caminho, vindo do nada, abre-se um enorme oasis. Parada obrigatória é descer lá e se embrenhar na ilha verde , num lugar onde os poucos peixes existentes são considerados sagrados pelos moradores locais.

Ruínas ao longo da estrada.

A paisagem pode mudar radicalmente a cada 2h de estrada.

Vila típica da região.

De repente, o oásis.

O Deserto

Hassilabied e Merzouga são os pontos de partida para as excursões deserto adentro. No meu caso, foram três noites, uma numa tenda fornecida pelos organizadores do passeio e duas outras em tendas de famílias berberes em meio às dunas ao longo da rota.

Acabam os vales rochosos e começam as dunas.

Transporte e companhia nos fins das tardes modorrentas, no meio do nada.

Vista de um dos locais de pernoite. Tenda de família berbere.

Varal e animais de estimação.

Também é possível contratar percursos de 4x4 e cobrir tudo em poucas horas.

Vale a pena visitar as vilas no entorno. É interessante ver os métodos de construção locais, em que se faz uso intensivo do adobe, o que é prático a maior parte do tempo, mas um desastre no ano em que as chuvas chegam pra valer. Também é possível encontrar artesanato interessante ou se deparar com atrações como esses cantores do Mali que fazem uma apresentação inesquecível.

Cantores Mali.

Até o próximo post.


Fica a sugestão de hospedagem. ;)


Gostou do post? Clica no botãozinho "+1" abaixo e ajude-nos a divulgá-lo.